5 dicas de viagens com crianças

fotografia por Paul Hanaoka via Unsplash

Muitas vezes, quando menos espero, chegam-me grandes pérolas, e no espaço de uma semana, duas situações distintas mas semelhantes na sua essência, levam-me hoje a escrever este post e a partilhar convosco 5 dicas fundamentais para aplicarmos quando viajamos com os nossos filhos, sejam essas viagens de avião, barco, autocarro ou de comboio!

A primeira ocorreu a bordo de um avião. Ao sentar-me no meu lugar, comecei a ouvir na fila de trás uma criança com cerca de 2 anos a mostrar que estava claramente cansada, desconfortável e a querer estar em todo o lado menos ali.

Ouvi e senti uma Mãe cansada, desesperada por manter a sua filha calma e calada, por ela e por todas as pessoas que estavam no voo, e que sem se aperceber, começava a descarregar alguma frustração na sua pequenina.

Voltei-me para trás e ofereci-lhe a minha ajuda. Toquei-lhe suavemente o braço… ela parou, fechou os olhos por alguns segundos e aguentou com todas as forças que tinha as lágrimas, que estavam na iminência de sair. Sorriu e agradeceu.

Um minuto ou dois depois, o senhor que estava ao seu lado fez um comentário acerca da menina que não parava quieta. A Mãe prestes a explodir, responde-lhe em tom bem curto e grosso “pois, está cansada, estamos a pé desde as 5h da manhã”.

Ao ouvir aquilo, algo mais forte em mim fez-me virar para trás e perguntar ao senhor se queria trocar de lugar comigo. Primeiro não percebeu… tive de repetir a pergunta…depois sorriu e agradeceu muito.

Mudei de lugar. Sentia na pele, no coração e no útero tudo o que ela estava a sentir… apoiei ambas da melhor maneira que me foi possível durante o resto da viagem.

Ao aterrar e começar toda a azáfama para sair, ela virou-se para mim, agarrou-me no braço, olhou-me bem no fundo dos olhos e agradeceu-me. Arrepiei-me toda e senti-me inundada por uma profunda gratidão.

Dias depois, faço um trajecto de autocarro urbano. A meio caminho até ao centro da cidade, uma criança com cerca de 1 ano e meio começa a chorar ao colo da sua Mãe.

A Mãe fazia o que podia para o acalmar, constrangida a permanecer sentada no seu lugar, enquanto o autocarro descia ruas estreitas e apertadas, a uma velocidade típica de quem já está bem habituado àquele trajecto. A criança continuava a chorar.

A determinada altura, uma outra mulher sentada mais à frente, vira-se e num tom muito reprovador diz à Mãe “o que se passa com essa criança?”,  ao que a Mãe responde “é uma criança e as crianças choram”.

Numa fila mais atrás, outra mulher resolve também dar o ar da sua graça e diz “deve haver qualquer coisa de errado para ele estar a chorar”.

Senti claramente a tensão a subir no ar. Senti o medo daquela Mãe e a vergonha de ter vários dedos apontados a ela, interrogando-a, questionando-a… senti o julgamento que ali se instaurou. Pensei em levantar-me e intervir também. Parei e fiquei a observar.

Entretanto as mulheres começaram a tentar distrair a criança e ele acabou por parar de chorar. Mas a Mãe continuava tensa, a desculpar-se às outras mulheres, repetindo que o seu menino não é de chorar mas está aborrecido e quer se mexer.

O autocarro parou; a Mãe e o seu menino levantam-se para sair e eu resolvi também sair na mesma paragem.

Ao chegarmos à rua, aproximei-me dela, toquei-lhe suavemente o braço …”não se preocupe com o que dizem, você é a mãe e sabe melhor que ninguém o que ele precisa. Não se deixe intimidar pelos comentários dos outros. Você é a Mãe e você sabe!”

Ela sorriu e iluminou-se. Agradeceu e seguiu o seu caminho.

Eu também segui o meu. Olhei para trás, por breves segundos, e ela estava a abraçar o seu menino, beijando-lhe a cabeça com tamanha ternura. Senti-lhe o amor profundo, a dedicação, um certo alívio.

Como organizadora e mãe, espero que estas simples 5 dicas, ajudarão muito as viagens que temos de fazer com os nossos rebentos.

Aqui vão elas:

  • Tu és a Mãe (ou o Pai), tu sabes o que precisas e o que o teu filho precisa. Podemos pensar que não sabemos o que fazer e sentimo-nos o borrão de tinta mais negro do Universo. Respira algumas vezes com plena consciência, sentindo a ligação com o teu coração, reconhecendo que não estás sozinha(o) e confiando que sabes o que fazer.
  • Leva uma bolsa com brinquedos para o(a) ajudares a distrair, um pequeno bloco de notas e alguns lápis de côr fazem maravilhas. Um baralho de cartas, um set de fantoches de dedo, algo que não ocupe muito espaço na tua mala já cheia com fraldas, toalhetes, água, comida e mudas de roupa.

E se ela pintar o banco do avião, não te preocupes que a equipa de limpeza resolve e limpa tudo!

  • Não sintas vergonha em aceitar ajuda. É sinal de coragem deixarmos visível a nossa vulnerabilidade e permitirmos que nos dêem uma mão… ou duas!
  • Quando alguém se incomoda com o choro ou barulho da tua criança, imagina-a com um grande nariz vermelho de palhaço.

Ajudar-te-à pelo menos a sorrir e a relativizar o que sair da sua boca. A sua intenção pode ser a melhor do mundo…

  • Ao chegares ao teu local de destino, mima-te! Se poderes, deixa a tua criança ao cuidado de alguém, e nem que seja só durante 5 minutos, mima-te muito!!! Um chá, um banho, uma sesta, um valente abraço a ti mesma(o)… <3

Por viagens mais organizadas, leves e tranquilas!!!! 🙂

 

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Organizadora Profissional

Sou a Margarida, Doula das Casas, Especialista em Organização de Espaços residenciais e empresariais. A Acredito que ao organizar fora estamos também a organizar dentro; que ao deixarmos ir o que já não serve, estamos a abrir espaço para o novo; que ao respirar e alongar, deixamos que a nossa casa e o nosso corpo se liberte do que bloqueia e que tudo passe a ser mais fluído…