Equilíbrio energético na Casa
Trabalhar com a casa como ferramenta física e energética leva-nos também a abordar o equilíbrio da energia feminina e masculina em casa e em nós.
Entender como cada uma se expressa em nós e no espaço, harmonizar e potenciar as forças de cada uma no nosso trabalho com a casa é chegar também a camadas mais internas e mais profundas do espaço e de nós mesmas.
É tocar, observar e sentir o que é como mulher nutrir esta conexão à casa, descontruindo crenças e mitos que nos remetem para um paradigma da mulher como subserviente ao papel de doméstica, sem possibilidade de expressão, como serva, como inferior. A noção do trabalho doméstico continua ainda a carregar um peso muito negativo.
A mulher doméstica como a mulher "domesticada", que não pode seguir os seus sonhos, que não é livre, que vive em função das necessidades dos outros, remetendo as suas para o final das lista de prioridades.
Causando assim um desgaste físico, emocional e energético, privando a mesma de chegar a versões mais expandidas de si mesma.
A mulher doméstica como aquela que não tem capacidade para "mais", que faz um trabalho menor, que tem pouca ambição...
Será que isto é realmente verdade?
O estereótipo da doméstica
Levante a mão quem ao ouvir falar em "doméstica" ou "dona -de-casa" imagina logo uma mulher mais velha, sem estudos, sem criatividade, sem capacidade ou qualificações para exercer outra profissão, confinada ao espaço doméstico... ou quem lhe salta logo à mente a imagem da sua mãe ou avó...
Cada vez existem mais mulheres que estão a sair do mundo corporativo e estão a optar por ficarem em casa.
Como "domésticas"? Sim e Não.
Como Mulheres que sentiram necessidade de fazer opções para poderem estar em mais equilíbrio consigo mesmas, com os seus ritmos, que decidiram se reinventar num mundo patriarcal e optaram por escolher modos diferentes de fazer, procurando equilibrar cada vez mais as suas energias, procurando fazer menos para serem mais.
A mulher que hoje opta por ficar em casa já não é o estereótipo da "doméstica" mas sim a mulher/mãe empreendedora que opta por desenvolver o seu negócio pessoal a partir de casa, para se poder conectar em maior verdade consigo mesma, para se conectar ao seu lar, ao seu papel de nutridora, à sua energia de receptáculo e transmutadora de energias em Amor. Começando primeiro de si para si e depois para os outros.
Teremos então de irmos todas para casa? ... claro que não!
Somos todas diferentes e temos sonhos e desejos diferentes.
Acredito é que podemos colocar outras lentes e passar a ver o que não víamos, podemos destralhar e simplificar, podemos sanar dentro as nossas energias masculina e feminina, podemos descontruir mitos e crenças associados à "doméstica", podemos re-criar sistemas e opções, que sejam cada vez mais harmoniosos com o sermos mulheres. Sem esperar o dia em que passemos a ser perfeitas, porque não se trata de perfeição, trata-se simplesmente de regressar a quem somos, seguindo um processo contínuo de espirais que nos vão levando de regresso ao centro.
Ao descontruir esta imagem menor da "doméstica" estamos também a dignificar e respeitar o trabalho doméstico e todas as mulheres a que ele se dedicam como actividade profissional.
Até lá, como Doula das Casas é minha missão acompanhar mulheres a religarem-se com a sua casa, desconstruindo mitos e crenças associadas à casa, ao cuidar da casa, ao viver a casa. Passar a ver e a sentir o espaço também como uma estrutura que as pode apoiar no amadurecimento e expressão harmoniosa das suas energias feminina e masculina.
Destralhar, simplificar e organizar as casas externas, como ponte para as casas internas, permitindo um regressar a Casa em equilíbrio, maturidade e soberania.
Honrando a casa como Espaço Sagrado.
